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2022-05-12

Nutrição

Os desafios nas PEA: Seletividade Alimentar

Crianças em idade pré-escolar apresentam regularmente preferências por certos alimentos e recusa de outros. No entanto, este comportamento tende a desaparecer à medida que a mesma cresce.

Em crianças com Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) esta situação é intensificada ao longo dos anos, sendo possível verificar uma recusa de grande parte dos alimentos apresentados pela família. 

E quais os fatores de uma refeição que podem influenciar a seletividade alimentar?

  • Textura;
  • Temperatura;
  • Aparência (ex: cor);
  • Cheiro;
  • Sabor.

Estudos demonstram que crianças com PEA tendem a escolher alimentos processados (ex: fast food, pastelaria, bolachas, pão, entre outros) e a evitar, principalmente, fruta, legumes e proteína. Por esta razão, indivíduos com PEA tem maior predisposição para certos défices de vitaminas e/ou minerais, os quais devem ser resolvidos rapidamente de forma a garantir um saudável desenvolvimento físico e psicológico.

Para além da seletividade alimentar, estas crianças apresentam dificuldades de interação social, o que promove um maior sedentarismo. Estes dois fatores em conjunto parecem explicar o facto de haver um maior risco de obesidade e consequentes comorbilidades (ex:diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia) em adultos com PEA.

Embora a área alimentar seja desafiante, quanto mais cedo a criança e pais forem acompanhados por uma equipa multidisciplinar, terapeutas e nutricionista, mais facilmente esta questão pode ser optimizada.

Acreditar que é possível e colocar em prática é essencial.

Seguem alguns exemplos de estratégias que podem ajudar na introdução de novos alimentos:

  • Fazer diário alimentar do seu filho/a, isto vai permitir-lhe ter a noção real de quais os alimentos em falta, e planear a abordagem;
  • Fazer as refeições num contexto calmo e confortável (ex: colocar um som que o seu filho/a considere reconfortante);
  • Incluir o alimento que quer introduzir na sua própria alimentação, dando o exemplo;
  • Elogiar sempre que a criança experimente um novo alimento;
  • Estar atento/a a possíveis sintomas de desconforto gastrointestinal após a introdução de um alimento novo. Por vezes a recusa alimentar provém desses casos;
  • Observar qual a razão da recusa alimentar: é a textura? A temperatura? A aparência? O cheiro ? O sabor ?;
  • Mudar a apresentação dos alimentos que quiser introduzir (ex: cortar aos cubos ou palitos ou puré);
  • Adicionar o alimento “escondido” num dos pratos preferidos do seu filho/a (ex: massa a bolonhesa com raspas de cenoura ou hambúrguer de carne e feijão);
  • Dar autonomia para que a criança consiga explorar o alimento que pretende introduzir (ex: deixar tocar, incluir criança na confeção da refeição).